2023-11-08 21:25:00 Jornal de Madeira

Governo/demissão: Se “for mais útil” aprovar Orçamento PSD não criará obstáculos - Montenegro

O presidente do PSD afirmou hoje que não colocará obstáculos a que o Orçamento do Estado para 2024 possa ser ainda aprovado “se for mais útil ao país” e defendeu eleições antecipadas “o mais rápido possível”. Luís Montenegro falava aos jornalistas no Palácio de Belém, onde o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, está hoje a ouvir os oito partidos com assento parlamentar para uma eventual dissolução do parlamento, após a demissão do primeiro-ministro, António Costa, na terça-feira.   “O que é desejável para o futuro do país é que a situação de instabilidade política se resolva o mais rápido possível. Tudo o que for acelerado deve ser acelerado”, defendeu o presidente do PSD.   Montenegro fez questão de registar o “respeito democrático pelo que acontece no PS”, que deverá entrar num processo de substituição da liderança, estimando em “dois meses mais qualquer coisa” o tempo necessário para que se realizem legislativas.   Questionado se o PSD entende que o Presidente da República deve ajustar o calendário da demissão do Governo e da dissolução de forma a fazer-se a votação final global do Orçamento do Estado para 2024, em 29 de novembro, Montenegro disse desejar que “o país tenha o mínimo impacto negativo possível” da situação criada com a demissão do Governo.   “Para isso, ter ou não ter Orçamento pode ser relevante. É importante que o Governo possa esclarecer o país e os outros órgãos de soberania - a Assembleia da República e o Presidente da República - sobre as vantagens e desvantagens de ter um orçamento em vigor no próximo dia 1 [de janeiro]”, disse.   Montenegro admitiu que podem estar em causa matérias como investimentos relacionados com o Plano de Recuperação e Resiliência, a atualização de salários e pensões e “alguma redução fiscal”, embora não a que os sociais-democratas defendiam.   “Se nesse contexto se vier a concluir que é mais útil ter um orçamento, ainda que não seja o que apoiamos, o PSD não criará nenhum obstáculo sobre isso”, afirmou.   Na sua declaração inicial, Montenegro disse ter transmitido ao Presidente da República a posição do PSD – já tornada pública na terça-feira – sobre “a situação grave” do país, a que foi “acrescentada uma crise política e governativa”.   “É preciso cortar o mal pela raiz, é preciso iniciar um ciclo novo, é preciso ouvir o povo português e dar a um futuro Governo a autoridade política que só o voto é capaz conferir”, defendeu.   O presidente do PSD considerou que só a realização de eleições pode legitimar “um Governo com capacidade reformadora, transformadora e de diálogo com o país”.   “É muito importante que os portugueses saibam que o nosso propósito não é de confrontação, é de unir o país para resolver os problemas prementes da vida dos portugueses”, considerou.   Montenegro detalhou que esta disponibilidade para o diálogo “envolve sobretudo a sociedade, mesmo os que têm ideias políticas diferentes” dos sociais-democratas.   Questionado se, na reunião com o chefe de Estado, se falou sobre a atuação da Justiça neste processo, Montenegro respondeu que o tema “foi a situação política que urge ultrapassar”.   “Dar um governo novo a Portugal, concentrar no governo da nação a capacidade transformadora da sociedade, com a salvaguarda do prestígio do regular funcionamento das instituições”, afirmou.   O líder do PSD esteve em Belém acompanhado dos vice-presidentes Paulo Rangel e Margarida Balseiro Lopes, do secretário-geral Hugo Soares e do líder parlamentar Joaquim Miranda Sarmento.   Marcelo Rebelo de Sousa comunicou que "falará ao país imediatamente a seguir à reunião do Conselho de Estado", que está marcada para quinta-feira às 15:00.   António Costa apresentou a demissão de primeiro-ministro na terça-feira, que o chefe de Estado aceitou, depois de buscas em vários gabinetes do Governo realizadas no âmbito de investigações sobre projetos de lítio e hidrogénio e de o Ministério Público ter anunciado que é alvo de inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça.   O primeiro recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.

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