2020-09-27 12:49:00 Jornal de Madeira

Nagorno-Karabakh: UE e França apelam ao fim das hostilidades e ao diálogo

A União Europeia (UE) e a França apelaram hoje à cessação das hostilidades entre o Azerbaijão e a Arménia no enclave de Nagorno-Karabakh, pedindo às partes que se sentem à mesa negocial. Em Bruxelas, e através do Twitter, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, manifestou-se preocupado com as “informações sobre as hostilidades” em Nagorno-Karabakh, que considera “fonte das mais graves inquietações”. “A ação militar deve cessar imediatamente, para impedir qualquer escalada [da violência] A única via possível é um regresso imediato às negociações, sem quaisquer pré-condições”, frisou. Em Paris, o Governo francês afirmou-se “muito preocupado” com a situação e apelou também às partes à cessação imediata das hostilidades e ao regresso ao diálogo. Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês reitera a disponibilidade da França para apoiar uma solução negociada e duradoura para o conflito naquela região, “no respeito pelo direito internacional”. Já antes, em Moscovo, a Rússia também instara os dois países a cessarem imediatamente os combates próximo da fronteira comum junto a Nagorno-Karabakh e a sentarem-se à mesa das negociações para estabilizar a situação. “A situação na zona de Nagorno-Karabakh deteriorou-se consideravelmente e instamos as partes a respeitarem um cessar-fogo imediato e a darem início a negociações com o objetivo de estabilizar a situação”, indicou hoje, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo. Os apelos de Bruxelas, Paris e Moscovo surgem depois de as partes em conflito terem intensificado os confrontos na região de Nagorno-Karabakh, uma região separatista do Azerbaijão habitada maioritariamente por arménios e apoiada pela Arménia. O Ministério da Defesa azeri acusou hoje a Arménia de ter violado o acordo de cessar-fogo (assinado em 1994) e lançado às primeiras horas de hoje “provocações em grande escala” com bombardeamentos contra posições do Exército do Azerbaijão e localidades situadas na primeira linha de zona de conflito. Segundo a versão das autoridades de Baku, a arménia utilizou nos ataques armas de grande calibre, morteiros e artilharia, ações que provocaram “mortos e feridos entre a população civil” e “danos graves em infraestruturas civis”. Por seu lado, o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinian, acusou o Azerbaijão de ter lançado uma ofensiva militar “com ataques aéreos e mísseis contra Artsaj”, nome arménio de Nagorno-Karabakh, e assegurou que o exército “fará tudo” para proteger o país da “invasão azeri”. Antes o Ministério dos Negócios Estrangeiros arménio indicou que o Azerbaijão estava a lançar mísseis “contra localidades pacíficas, incluindo a capital [de Nagorno-Karabakh] Stepanakert”. Nagorno-Karabakh foi cenário de uma guerra no início dos anos 1990, na qual morreram cerca de 30.000 pessoas, e, desde então, as autoridades azeris têm tentado recuperar o seu controlo, se necessário pela força, enquanto as conversações de paz permanecem num impasse há vários anos. Os combates ocorrem regularmente entre separatistas e azeris, bem como entre Erevan e Baku. Em 2016, os graves confrontos armados quase degeneraram numa guerra em Nagorno-Karabakh e, em julho de 2020, registaram-se igualmente combates entre arménios e azerbaijaneses na sua fronteira. Apesar de o conflito ter terminado em 1994 e de ter sido sucedido de um cessar-fogo, as tensões na região separatista de Nagorno-Karabakh permaneceram ao longo dos anos, tendo hoje subido de tom, com as partes a trocarem acusações sobre quem iniciou as hostilidades.

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