OE2024: PCP acusa Governo de “fugir como o diabo da cruz” da valorização de salários e pensões
O PCP acusou hoje o Governo de “fugir como o diabo da cruz” da valorização de salários e pensões e de “empurrar com a barriga” os problemas do país, e defendeu que o PS assumiu uma “política de direita”. “Foi aqui afirmado pelo Governo que a oposição não fala de salários, mas quem foge como o diabo da cruz de uma efetiva valorização dos salários e das pensões, necessária para enfrentar o aumento do custo de vida, é o Governo”, declarou a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, no encerramento do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2024. A deputada comunista acusou o executivo de António Costa de querer “esconder a perda de poder de compra dos trabalhadores e também dos reformados, tal como quer esconder as suas responsabilidades na degradação das condições de vida do povo”. “Insiste que o Orçamento aposta no investimento público, iludindo que, para lá de manifestamente insuficiente, o que se sabe é que mesmo parte deste fica por executar, como se tem visto a cada ano que passa”, referiu. Para Paula Santos, “prudência, cautela e responsabilidade é não deixar para amanhã o que pode e deve ser feito hoje”. “Empurrar os problemas com a barriga, como o Governo faz, só os agravará, e isso não é proteger o futuro. Só quem não tem noção das dificuldades que trabalhadores e povo enfrentam pode ter como política o adiamento das respostas e soluções necessárias”, disse. A líder parlamentar do PCP acusou a maioria absoluta do PS de “tomar nas mãos” uma política de direita, tirando “o discurso aos partidos à sua direita, que revelaram dificuldades acrescidas no debate, recorrendo sistematicamente a elementos de distração para ocultar o seu acordo com o favorecimento dos grupos económicos e das multinacionais”. “Viu-se alguma indignação do PSD, da IL ou do Chega com o fim da contribuição extraordinária sobre os lucros do setor energético ou da grande distribuição? Ou viu-se alguma indignação com o alargamento dos benefícios fiscais para as grandes empresas?”, perguntou. Em contraponto, Paula Santos disse que aqueles três partidos “trouxeram novamente a conversa sobre a ‘brutal carga de impostos’”, referindo que o fazem porque “o que verdadeiramente querem é a redução dos impostos para as grandes empresas”. “Como porta-vozes dos grupos económicos, provavelmente só descansarão quando o capital não pagar um euro que seja de imposto”, frisou. Segundo a líder parlamentar do PCP, “esta operação dos partidos de direita tem como objetivo promover mais injustiças fiscais, degradar serviços públicos para avançar com a sua privatização e conter o aumento dos salários”. Paula Santos defendeu que, “em vez de um orçamento que mantém baixos salários e pensões, o que é preciso é valorizar os salários e pensões”, referindo que o PCP propõe um aumento dos salários em 15%, no mínimo de 150 euros, e das pensões em 7,5%, em pelo menos 70 euros, de que “o Governo nem quer ouvir falar”. Entre as várias reivindicações que fez, a deputada comunista considerou que é necessária “uma justa política fiscal que alivie a tributação sobre os rendimentos do trabalho e reduza os impostos indiretos”, e um “investimento público para garantir serviços públicos e infraestruturas e apostar na produção nacional”. “A proposta de Orçamento não resolve os problemas e até os agrava, aprofunda as desigualdades e as injustiças. Um Orçamento assim só pode ter o voto contra do PCP”, referiu. Neste contexto, Paula Santos indicou que, além das propostas que já apresentou - e que incluem a redução do IVA na eletricidade e no gás para 6% ou a criação de uma taxa sobre transações financeiras para paraísos fiscais -, o PCP vai avançar com “soluções concretas na especialidade” em áreas como a saúde, educação, cultura, ambiente ou justiça. São “propostas que comprovam que é possível e necessário uma política alternativa, patriótica e de esquerda”, disse.