2021-02-06 05:00:00 Jornal de Madeira

Mais de 4.000 atraídos pela vila nómada na Madeira

Projeto piloto da Startup Madeira a decorrer entre fevereiro e junho apresenta a Ponta do Sol como "primeira vila nómada do mundo" com todas as condições para o trabalho à distância. Já são mais de 4.000 os nómadas digitais de vários países interessados em participar no Digital Nomads Madeira Islands, o projeto que promove a Região como um dos melhores locais no mundo para trabalhar remotamente. A iniciativa é desenvolvida pela Secretaria Regional de Economia, através da Startup Madeira, e possibilita que todo o tipo de indivíduos que trabalham online e viajam a tempo inteiro - desde profissionais das maiores empresas a empreendedores digitais - façam da ilha a sua casa por um determinado período para trabalhar e viver como um autêntico madeirense. O número de interessados oriundos dos quatro cantos do globo já ultrapassa os quatro milhares e não pára de crescer, afirmou ao JM Carlos Lopes, CEO da Startup Madeira. O Digital Nomads torna-se especialmente atrativo por ter a particularidade de ter incluído nesta ideia uma ‘Digital Nomads Village’ (vila nómada digital), um projeto piloto único que promove a Ponta do Sol como a “primeira vila nómada do mundo”. O projeto que convida os nómadas digitais a fazer da Madeira o seu escritório despertou interesse por todo o lado, com os contactos (cerca de 300 emails recebidos diariamente) e divulgação nacional e internacional a superar as expetativas, com artigos publicados em quase quatro dezenas de sites e jornais, desde o Público à CNN, passando pelo Huffington Post e Euronews. Se para si o teletrabalho é uma novidade, o Jornal procurou responder a algumas questões que podem surgir com o aparecimento desta ‘nova’ realidade que é também uma oportunidade para os empresários locais colmatarem a ausência de turistas com a situação de pandemia. Mas como? Afinal, o que é que se sabe sobre esta iniciativa que permite viver e trabalhar envolvido por uma paisagem deslumbrante?   O que é um nómada digital? Se o teletrabalho é visto como o “novo normal” para milhares de trabalhadores afetados pela situação de pandemia, o facto é que o termo nómada digital já existe há muitos anos. Na prática, são indivíduos que trabalham online e que, por esse motivo, viajam a tempo inteiro pelo mundo. Aquilo que é visto como um sonho para muitos trabalhadores cuja rotina passa por permanecer o dia inteiro num escritório é agora uma realidade, principalmente tendo em conta que milhares de empresas anunciaram que irão adotar permanentemente o método do teletrabalho, como é o caso do Facebook, Twitter, Outsystems e Talkdesk. “Com a liberdade que têm, os nómadas viajam tendencialmente para os locais mais bonitos do mundo, locais quentes, com bom tempo, boa comida, atividades na natureza e acima de tudo boa internet”, explica a Startup Madeira.   Por quanto tempo ficam na Região? No projeto desenvolvido pela Startup Madeira, os nómadas digitais têm a possibilidade de escolher a duração da sua estadia. De acordo com a organização, as datas escolhidas deverão corresponder a um período entre um e seis meses. Ao jornal Público, Carlos Lopes adiantou na última semana que muitos dos inscritos pretendem ficar na Madeira durante “dois, três meses”, sendo que durante este mês de fevereiro a Startup Madeira prevê receber entre 50 a 70 nómadas digitais.   Como é que os nómadas se inscrevem? Os trabalhadores que se interessem por fazer da vila nómada da Ponta do Sol a sua casa remota entre 1 de fevereiro e 30 de junho de 2021 acedem ao site https://digitalnomads.startupmadeira.eu/ para se inscrever gratuitamente. Ao aceder ao formulário de inscrição, os ‘nómadas’ devem facultar dados como o nome, email, país de origem, idade, emprego e dados acerca da estadia desejada (duração, datas de chegada e partida, opção de localização e necessidade, ou não, de assistência para reservar uma casa). Após a receção da inscrição, Startup Madeira irá contactar de volta.   Porque é que a Ponta do Sol foi escolhida para ser uma vila nómada? A Ponta do Sol é o sítio “onde o sol brilha por mais horas” e reúne “as condições perfeitas para nómadas que procuram o sol e um estilo de vida tranquilo rodeados de natureza”. Fatores estratégicos que influenciaram a escolha deste local para ser “a primeira vila nómada do mundo” acrescentam-se à sua beleza natural, o acesso ao mar, à natureza e à “excelente internet” nos cartões de visita. Com esta escolha, a Startup Madeira espera criar “um impacto muito positivo na economia local, que com a atração destes profissionais com salários elevados durante um período alargado poderá elevar o consumo nos negócios locais, colmatando a redução de turistas e a sazonalidade do mercado turístico.”   De que regalias desfrutam? Neste projeto piloto da Digital Nomad Village na Ponta do Sol, os trabalhadores integram uma comunidade na plataforma Slack e beneficiam de um espaço de trabalho livre, uma lista variada de alojamento na localidade, eventos exclusivos, um anfitrião local e acesso à comunidade.   Onde é que trabalham? Ainda que haja internet gratuita por todo o concelho, possibilitando o trabalho remoto ao ar livre, o espaço de trabalho escolhido para o efeito nesta vila nómada é o Centro Cultural John dos Passos. No centro da vila e a poucos passos de cafés, restaurantes, alojamentos, e acima de tudo da deslumbrante baía da Ponta do Sol, este é apresentado como um local que servirá não só para trabalhar, mas também para interagir com outros nómadas digitais e com a própria comunidade local, sendo garantido o acesso a internet gratuita, ‘desktop’, mesa e cadeira e um anfitrião local entre as 8h30 e as 18h00.   Podem viver e trabalhar em outros locais da Região? Ainda que o projeto da vila nómada assuma especial destaque neste Digital Nomads Madeira Islands, os trabalhadores podem optar por uma estadia em diferentes localidades, em qualquer um dos onze concelhos da Região. Na plataforma do projeto, encontram-se várias sugestões de casas (com descontos de 30% para estadias com uma duração superior a um mês) e hotéis preparados para estadias de longa duração.  Quanto ao espaço para trabalhar, as sugestões passam pela própria Startup Madeira, uma “incubadora” de soluções para empreendedores, ‘startups’ e empresas em geral, e pelo Cowork Funchal.   Há nómadas digitais que acabam por comprar casa Ainda que numa experiência não tão organizada como a que aqui divulgamos, a escolha, por parte de estrangeiros, da Ponta do Sol como local para trabalhar remotamente não é novidade, sendo este um município que já acolhia anteriormente trabalhadores das áreas digitais durante largas temporadas. “Alguns deles acabaram por comprar casa própria no concelho”, afirmou ao JM Célia Pessegueiro. Para a presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol, o projeto Digital Nomad Village assume especial importância porque “permite inovar em tempos que exigem criatividade para continuar a existir”. A escolha da Ponta do Sol para acolher o projeto é, para a autarca, “consequente com uma política municipal que apostou no turismo, na natureza, na preservação do património e na autenticidade do concelho”, sendo assim um “reconhecimento de que a Ponta do Sol se está a afirmar dentro do destino Madeira e que ganha espaço próprio fora dos setores típicos de promoção”. Célia Pessegueiro saúda “este tipo de iniciativas, originais e pioneiras, que acrescentam valor e dinamismo nestes tempos de pandemia e preparam a retoma do turismo nos próximos anos na Ponta do Sol”.    Alojamentos na Ponta do Sol “praticamente cheios”   “Neste momento, todos os alojamentos locais na vila já estão praticamente cheios, existindo poucas vagas até ao fim do programa”, adiantou Célia Pessegueiro, que explicou ao Jornal que a organização do projeto prevê que a procura vá aumentar e, nesse sentido, já está à procura de mais alojamentos fora da vila da Ponta do Sol. Havendo a convicção de que “a forma como o projeto foi divulgado e acolhido em termos internacionais promove a Ponta do Sol”, dando a conhecer ao mundo este recanto da costa sul, “a verdade é que o ‘mundo’ também nos quis conhecer”, acredita a edil, que não tem dúvidas de que “este interesse pelo projeto e pela Ponta do Sol não é à toa”. No fundo, “revela o quão acolhedores e autênticos nós somos e que as opções que fizemos, por exemplo a defender a nossa costa, foram as corretas e são para manter”, aponta a líder do executivo ponta-solense. Célia Pessegueiro está convencida de que o projeto de ‘co work’ da Startup Madeira “dinamiza todo o comércio local, e ajuda a revitalizar o setor do turismo, que atravessa tempos difíceis”, e que as parcerias estabelecidas graças ao mesmo, que envolvem uma colaboração entre os dinamizadores do projeto e as soluções de alojamento na Ponta do Sol, proporcionam “um excelente contributo para voltar a dar vida às ruas e ao comércio, bastante prejudicados devido à pandemia e às restrições impostas”. De resto, a autarca assegura que o município “está preparado” para receber o projeto inovador, oferecendo wi-fi gratuito em vários pontos do concelho, o que permite o acesso à internet a todos os que queiram trabalhar não só em espaços fechados como também na rua e nos jardins.

Transportes: Contrato contempla aumento salarial de 11,4%

2025-09-13 17:57:00 Jornal da Madeira

Licenciamento de fogos para habitação familiar sobe 67,9%

2025-09-12 11:28:00 Jornal da Madeira

Euro avança face ao dólar no dia da decisão do BCE

2025-09-11 19:04:00 Jornal da Madeira

Pesquisa

Partilhe

Email Netmadeira