Espólio de António Aragão em Leilão
2015-02-25 10:00:24 Tribuna da Madeira

Espólio de António Aragão em Leilão

Um quadro em técnica de colagem de Herberto Hélder está para venda a partir dos 14.500 euros. Há outros verdadeiros tesouros, como um original de Vasarely – a peça mais mediática do espólio. Vai começar nos 17 mil euros e está a um ¼ do valor que vale. Outras acomodam-se para o grande dia do leilão, o sábado de 21 de fevereiro, por entre cerca de 700 peças que vão a leilão do espólio de António Aragão. Poeta, romancista, pintor, historiador e escultor, António Aragão deixou vasto e importantíssimo espólio, parte do qual vai a leilão por iniciativa do seu herdeiro único, Marcos Aragão Correia, que encontrou desta forma, uma alternativa à intransigência do Governo Regional em não apoiar a aquisição do mesmo, para a Região.   “Quero dizer publicamente que fiz chegar ao Governo Regional a minha intenção de que a Região deveria ficar com todo o espólio do meu pai mas que não houve interesse. Estamos aqui em leilão por falta de interesse do Governo Regional”, afirma Marcos Aragão Correia, que leva a venda pública em leilão, no dia 21 de fevereiro, o espólio daquele que é considerado um dos maiores vultos da Cultura madeirense, António Aragão. Poeta, romancista, pintor, historiador e escultor, António Manuel de Sousa Aragão Mendes Correia morreu em agosto de 2008, aos 87 anos. Natural de São Vicente, António Aragão foi, com Herberto Hélder, um impulsionador do experimentalismo poético. Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade Clássica de Lisboa e em Arquivismo e Biblioteconomia pela Universidade de Coimbra, António Aragão estudou etnografia e restauro de obras de arte. Homem da cultura, deu nome à rua em frente ao Arquivo Regional da Madeira, onde foi director. Era irmão de Ruth Aragão de Carvalho, falecida esposa do ator Ruy de Carvalho. É pai de Marcos Aragão Correia, advogado, ativista e autor. Filho único de António Aragão, tem 39 anos e nasceu no Funchal. Formou-se em Advocacia, tendo estagiado no escritório do advogado e historiador madeirense, Rui Nepomuceno. O único herdeiro de António Aragão explica os motivos deste leilão que, no seu entender, poderia ser evitado se o Governo Regional adquirisse o espólio, ou parte do mesmo. “A proposta inicial feita ao Governo no sentido de comprar o prédio onde viveu o meu pai e levar juntamente o restante património, foi recusada. A ideia era fazer uma casa-museu, preservando a sua memória e o seu trabalho em prol da Cultura madeirense. Foi essa a abordagem que eu fiz a algumas pessoas ligadas ao Governo Regional da Madeira na altura, em Janeiro de 2015, quando a minha faleceu. O meu pai faleceu em 2008, sou filho único mas resido há alguns anos no continente, onde casei com a minha esposa que é de nacionalidade brasileira. Temos uma filha pequena. Após a morte do meu pai, a minha mãe ficou a viver sozinha na casa que fica na Calçada do Pico. No início deste ano, a minha mãe faleceu também e assim ficámos com esta questão entre mãos, ou seja, o que fazer em relação ao património que o meu pai deixou, numa casa sem ninguém a cuidar da mesma.  A minha mãe manifestou sempre o desejo que o espólio ficasse em casa. Queria ter toda a obra do meu pai em casa mas eu sempre fui da opinião que a obra do meu pai fosse mais conhecida. Respeitei os desejos da minha mãe mas com o seu falecimento, foi nosso entendimento que a obra do meu pai não deveria ficar fechada na casa. Desenvolvi esforços para incentivar o Governo Regional a criar uma Casa-Museu no espaço que fora dos meus pais e que acolhia o espólio. Apresentei a ideia a algumas pessoas ligadas ao Governo Regional, que por sua vez apresentaram a ideia ao Executivo que me disseram que não havia verbas para o projeto. A haver verbas, teria que esperar até às próximas eleições, mas eu entendi que a obra do Dr. António Aragão, meu pai, é demasiado importante para estar à espera de “timings” políticos. Quando há interesse, há dinheiro para o futebol mas para a Cultura nunca há dinheiro. Neste caso, não é o António Aragão que vai atrás do Governo Regional. Se o Governo Regional quer dar valor às pessoas que trabalharam toda a vida em prol da Cultura madeirense, é o Governo Regional que tem que ir atrás. Como nos foi dito que não havia dinheiro, e não tendo condições para manter o espólio do meu pai, a casa foi avaliada no mercado imobiliário para venda em mais de 600 mil euros, e o recheio para venda pública em leilão.  Fizemos uma seleção de obras para nós, as quais estão nas paredes da nossa casa no continente”, explica Marcos Aragão, que adianta que a Madeira tem opção de compra, opção essa que foi já comunicada aos leiloeiros. “Caso o Governo tenha interesse, só tem de comunicar e essas peças não vão a leilão e serão compradas pelo preço base. Tive sempre a esperança, e ainda tenho, que o Governo Regional se interesse pela obra do meu pai, a qual deve ser património da Região. Há movimentações por parte de pessoas ligadas à Cultura madeirense de forma que as obras do meu pai sejam adquiridas para o Governo Regional, nomeadamente o Dr. Francisco Clode, que está a desenvolver contactos para que as obras, ou algumas, sejam compradas pelo Governo Regional. É preciso referir que desenvolvi […]

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