2020-08-08 09:53:00 Jornal de Madeira

Francisco Louçã: "O teletrabalho está a ser apresentado como um conto de fadas"

  O tema do teletrabalho foi abordado, esta sexta-feira, por Francisco Louçã no habitual espaço de comentário na SIC Notícias. Para o economista, "o teletrabalho está a ser apresentado como um conto de fadas" e "há muita gente que está a ficar encantada com este conto, na perceção que pode ter um pouco mais de liberdade".  De acordo com o site noticioso 'Notícias ao Minuto', Francisco Louçã terá dito que o facto de o trabalhador estar em casa e poder fazer outras coisas, como tratar das crianças e sentir mais liberdade, pode representar "um risco para os trabalhadores e até para a atividade económica".  "Na verdade", prosseguiu o comentador, "há profissões que podem ter teletrabalho", compreendendo que este possa ser usado "quando é preciso reduzir o movimento das pessoas e o contacto". "Na emergência foi uma solução aceitável, como sistema e como regra tem três problemas muito graves".  Louçã apontou dois aspetos negativos para os trabalhadores, sendo que um é "passarem a estar a trabalhar em casa sujeitos a uma hierarquia e a um horário de trabalho que não conseguem controlar", dando o exemplo de um diretor de uma instituição de Ensino Superior que "convocou os docentes para uma reunião num feriado". O segundo aspeto será o facto de "o contrato vir a mudar". Porque vão existir empresas que vão pensar que "não precisam de ter trabalhadores" mas sim "empresários em nome individual que eu contrato, a quem não pago Segurança Social". "Isso seria a mais radical alteração do sistema de Segurança Social para as próximas décadas porque não seria pago e as pessoas fariam o seu trabalho contratadas à jorna, como fosse", frisou.  Mas há ainda um risco para as empresas, alertou: "Qualquer que seja a forma da empresa, a estrutura de produção ou de comunicação, precisa de ter uma massa crítica, colaboração entre as pessoas, dar uma ideia, fazer uma crítica, uma sugestão".  É preciso ter vivacidade do contacto pessoal. Se uma empresa for um arquipélago de comunicações com um chefe que tem múltiplos raios sobre as pessoas que estão em teletrabalho perde-se completamente a criatividade que é necessária", disse ainda. Por fim, afirmou que o teletrabalho "deve ser uma exceção e não uma regra, porque é um enorme perigo para o futuro das relações contratuais, dos direitos sociais, das relações da vida pessoal, da proteção das pessoas - com mais incidência de risco para as mulheres -, mas deve-se por um travão logo que possível para que a vida económica volte à atividade normal e não passe para um regime de teletrabalho". 

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