2023-02-02 15:52:00 Jornal de Madeira

Pretória declinou participar em exercícios navais com os EUA na costa ocidental

A África do Sul, que decidiu organizar exercícios navais conjuntos com a Rússia e a China este mês, declinou participar no Exercício Obangame Express 2023 conduzido pelas Forças Navais dos EUA na costa ocidental africana, foi hoje anunciado. “Convidamos a África do Sul para os nossos exercícios e, pelo que me lembro, recusaram participar, temos exercícios futuros, por exemplo, que se concentram em alguns dos nossos países parceiros na costa oriental de África, que julgo que seria realmente um bom momento para envolver a África do Sul, mas eles não vão participar nesse exercício este ano”, salientou o contra-almirante norte-americano Chase Patrick. Todavia, o responsável do Quartel-General Marítimo das Forças Navais dos EUA Europa-África, da Sexta Frota dos Estados Unidos da América (EUA), que falava por videoconferência de imprensa organizada a partir de Joanesburgo, reiterou que o objetivo dos exercícios navais dos Estados Unidos não é “forçar uma escolha entre nós e qualquer outro país”. “Estamos realmente focados apenas em desenvolver cada um dos objetivos de segurança dos nossos parceiros e o importante é que haja cidadãos que beneficiem dos direitos humanos e fortalecimento da paz e estabilidade nos seus países e governos, e trabalharemos com eles para ajudar a encontrarem um caminho que os leve a esse objetivo”, frisou. “No que diz respeito às nossas relações com a África do Sul, estamos sempre empenhados em construir um relacionamento melhor, fazemos um plano para enviar os nossos navios até ao porto sempre que circum-navegarmos o continente (…) e não é a primeira vez que fazemos isso, e procuramos qualquer oportunidade para fazermos exercícios com os nossos parceiros na África do Sul”, salientou. A África do Sul, que decidiu organizar exercícios navais conjuntos com a Rússia e a China, este mês, recebeu na semana passada o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, a secretária de Estado do Tesouro norte-americana Janet Yellen, e o alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell. O exercício militar multilateral Mosi II, que se realiza no âmbito do Dia das Forças Armadas da África do Sul (21 de fevereiro), está agendado de 17 a 27 de fevereiro em Durban e Richards Bay, província de KwaZulu-Natal, sudeste do país.   Tem havido considerável oposição à presença naval russa, uma vez que o exercício militar coincide com o aniversário da invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro. A ministra da Defesa sul-africana, Thandi Modise refutou recentemente as críticas contra Pretória, sublinhando que a África do Sul realizou com os EUA “um exercício ainda mais longo”, no KwaZulu-Natal no ano passado, na área da capacitação militar em Saúde. “O exercício Mosi II não é exceção, incluindo o exercício compartilhado Accord que realizamos com as forças armadas dos EUA. Além disso, o exercício naval bienal ‘Oxide’ entre a África do Sul e a França ocorreu em novembro do ano passado na Base Naval de Simon's Town”, referiu Modise à imprensa sul-africana. “Queremos afirmar categoricamente que a África do Sul, como qualquer estado independente e soberano, tem o direito de conduzir as suas relações externas de acordo com as suas próprias relações diplomáticas e interesses nacionais”, vincou. O Exercício Oxide 2022, o exercício naval bienal conjunto realizado entre as forças navais francesas estacionadas na Ilha da Reunião e a Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF), ocorreu ao largo da Cidade do Cabo. Esta semana, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) reafirmou em Windhoek, Namíbia, a posição de “não-alinhamento” sobre conflitos fora da região e do continente africano. “A cimeira adotou o projeto de Declaração da União Africana sobre a proposta 'Lei de Combate às Atividades Malignas Russas em África' dos EUA, e instou os Estados-membros a comunicarem a posição da SADC, e reafirmou a posição de não-alinhamento sobre conflitos fora do continente e da região em fóruns multilaterais”, declararam em comunicado os líderes da SADC. A reunião extraordinária sobre paz e segurança sob a liderança do Presidente da Namíbia, Hage Geingob, abordou a instabilidade política e insegurança regional, nomeadamente na República Democrática do Congo (RDCongo), Essuatíni (antiga Suazilândia), Lesoto e Moçambique, nomeadamente na região norte de Cabo Delgado. A África do Sul, Rússia e China constituem o grupo de economias emergentes BRICS, que também inclui o Brasil e a Índia.

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