2023-02-07 17:54:00 Jornal de Madeira

Treze civis mortos em ataque atribuído a rebeldes na RDCongo

Treze civis foram mortos durante a noite de sábado para domingo num ataque atribuído ao grupo rebelde Frente Popular de Autodefesa de Ituri (FPAC-Zaire) no nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo), informou hoje o Exército congolês.   "Houve um ataque de um grupo de rebeldes na localidade de Dyambu, onde 13 civis foram mortos. Aconteceu durante a noite de sábado para domingo. Esta é toda a informação que temos até agora", disse um dos porta-vozes do Exército, Jules Ngongo. O incidente ocorreu na província nordeste de Ituri, onde nos últimos meses se verificou um aumento do número de ataques por parte de grupos rebeldes. "Os rebeldes (…) atacaram enquanto muitas pessoas ainda estavam fora das suas casas, a falar, e outras estavam a dormir. Foi um ataque surpresa e realmente cruel", disse Jean Jacques Openji, coordenador da organização "Allez-y les FARDC" ("Vamos lá, FARDC"), que apoia as ações das Forças Armadas da RDCongo (FARDC). De acordo com Openji, as milícias FPAC-Zaire também deixaram pelo menos 33 feridos. Todos os residentes de Dyambu fugiram das suas casas por medo de novos ataques e muitos continuam refugiados numa base da missão de manutenção da paz das Nações Unidas na RDCongo (Monusco). Partes da província de Ituri assistiram a uma grave escalada de ataques por grupos armados nos últimos meses, nomeadamente pela chamada Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco), que representa a comunidade Lendu e foi formada como um grupo armado em 2018 para combater os abusos do Exército congolês. A Codeco ataca frequentemente civis, incluindo deslocados internos abrigados em colónias. Por seu lado, o FPAC-Zaire, que se define como um grupo de autodefesa para proteger a comunidade Hema contra os ataques da Codeco, tem sido responsável por vários massacres de represálias. As comunidades Lendu (agricultores) e Hema (pastores) têm uma longa disputa que resultou em milhares de mortes entre 1999 e 2003. Face a esta nova e crescente onda de violência, a conselheira especial da ONU para a prevenção do genocídio, Alice Wairimu Nderitu, alertou no final de janeiro para o risco de genocídio. Só nos últimos dois meses, mais de 200 pessoas foram mortas e 2.000 casas destruídas em Ituri, segundo os números compilados no final de janeiro pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Desde 1998, o leste da RDCongo tem estado mergulhado num conflito alimentado pelas milícias rebeldes e pelo Exército, apesar da presença da Monusco, com 16.000 soldados no terreno. A ausência de alternativas e de meios de subsistência estáveis levou milhares de congoleses a pegar em armas e, de acordo com o Barómetro de Segurança Kivu (KST), o leste do país é um campo de batalha para mais de 120 grupos rebeldes.

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