2022-05-12 15:40:00 Jornal de Madeira

Ucrânia: Rússia ameaça Finlândia com medidas de retaliação se aderir à NATO

A Rússia avisou hoje a Finlândia de que será forçada a tomar medidas de retaliação, “tanto técnico-militares como outras”, se violar as suas obrigações jurídicas internacionais e aderir à NATO. “A adesão da Finlândia à NATO causará sérios danos às relações bilaterais Rússia-Finlândia (…). A Rússia será forçada a tomar medidas de retaliação, tanto técnico-militares como outras, a fim de pôr termo às ameaças à sua segurança nacional que surjam a este respeito”, lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo. O comunicado foi divulgado poucas horas depois de o Presidente e a primeira-ministra da Finlândia terem anunciado o seu apoio à adesão do país nórdico à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). O pedido de adesão da Finlândia deverá ser anunciado oficialmente no domingo. “Responderemos de acordo com a situação”, disse o ministério liderado por Serguei Lavrov, citado pela agência russa TASS. No comunicado, a diplomacia russa advertiu que a possível adesão da Finlândia à NATO será uma “violação das obrigações jurídicas internacionais” finlandesas, “principalmente o Tratado de Paz de Paris de 1947”. Segundo Moscovo, este tratado “prevê a obrigação das partes de não estabelecerem alianças ou participarem em coligações dirigidas contra uma delas”. O Governo russo avisou também que Helsínquia estará a violar um tratado bilateral de 1992, no qual os dois países se comprometeram a não ameaçar ou usar a força “contra a integridade territorial ou independência política da outra parte”. O mesmo tratado estabeleceu que a Finlândia e a Rússia “não utilizarão ou permitirão a utilização do seu território para a agressão armada contra a outra parte”. “O lado russo tem dito repetidamente que a escolha das formas de garantir a sua segurança nacional cabe às autoridades e ao povo da Finlândia. Contudo, Helsínquia deve estar consciente da responsabilidade e das consequências de tal medida”, disse o ministério tutelado por Lavrov. Moscovo considerou também que a política de não-alinhamento militar de Helsínquia permitiu a estabilidade no norte da Europa, garantiu um nível de segurança para o Estado finlandês e permitiu a cooperação e parcerias entre os dois países, com o fator militar “reduzido a zero”. “Nem as garantias da Rússia sobre a ausência de quaisquer intenções hostis em relação à Finlândia, nem a longa história de cooperação de boa vizinhança e mutuamente benéfica entre os nossos países convenceram Helsínquia das vantagens de manter uma política de não-alinhamento militar”, disse o ministério. Segundo Moscovo, foram os países da NATO que “convenceram vigorosamente o lado finlandês de que não havia alternativa à adesão à Aliança”. O objetivo da NATO, é “continuar a expandir-se para as fronteiras da Rússia, criar outro flanco para a ameaça militar à Rússia”. O ministério russo acrescentou que a História julgará a Finlândia por “transformar o seu território numa linha de confronto militar com a Federação Russa, enquanto perde a independência na tomada das suas próprias decisões”. Numa declaração conjunta divulgada hoje em Helsínquia, o Presidente finlandês, Sauli Niinistö, e a primeira-ministra, Sanna Marin, disseram que a segurança da Finlândia será reforçada com a adesão à NATO. A Suécia pode igualmente tomar a mesma decisão de pedir a adesão à Aliança Atlântica. A Finlândia partilha 1.340 quilómetros de fronteira terrestre com a Rússia, país que tem uma fronteira marítima com a Suécia. A ponderação sobre uma adesão à NATO, que significará o abandono da política histórica de não-alinhamento dos dois países nórdicos, surgiu no contexto da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro. Antes da invasão, a Rússia exigiu à NATO a proibição da entrada da Ucrânia e o recuo de tropas e armamento dos aliados para as posições de 1997, antes do alargamento a leste. Tais exigências foram recusadas pelos 30 membros da NATO.

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