2023-01-02 18:02:00 Jornal de Madeira

Catarina Martins quer "ação rápida" para travar encerramento comércio histórico

A coordenadora do BE, Catarina Martins, disse hoje ser preciso "agir rapidamente" para impedir o encerramento de estabelecimentos comerciais devido ao aumento das rendas porque o seu desaparecimento descaracteriza as cidades, dando o exemplo do café Embaixador no Porto.    "É preciso agir rapidamente. Manter um regime de benefícios fiscais aos fundos de investimento, manter regimes de privilégio a residentes não habituais ou de vistos 'gold', tem feito com que as nossas cidades fiquem descaracterizadas, ou que não seja possível a quem trabalha nestas cidades cá viver, e também tem determinado o encerramento do comércio tradicional, dos cafés como o Café Embaixador e portanto a descaracterização do Porto e das nossas cidades", afirmou Catarina Martins.  A coordenadora do BE, que se reuniu esta tarde com representantes dos trabalhadores do café Embaixador, no Porto, disse ser "impossível" olhar para o encerramento do café Embaixador e "não pensar no que está a acontecer com a lei das rendas, que ainda não foi revogada".  "As rendas disparam e o preço dispara, não só das habitações, mas também para o comércio", disse, acrescentando que os programas criados pelas autarquias, apenas protege por "alguns anos", dando o exemplo do programa Porto Tradição, criado pela autarquia portuense.  "Tenho algumas dúvidas de que façam mais falta ao centro do Porto mais hotéis, ou mais 'franchisings' de grandes cadeias alimentares internacionais, do que fazem falta os cafés que têm vindo a fechar, o comércio tradicional que tem vindo a fechar e que fazem parte da história da cidade", salientou. Destacando que o preço da habitação em Portugal é "um dos maior problemas" do país, Catarina Martins disse esperar que esta semana "de decisões no parlamento" - dedicada ao trabalho digno - permita dar passos para que em Portugal o trabalho "tenha dignidade, tenha direitos".  Quanto ao encerramento do café Embaixador, a coordenadora do BE disse existir um "problema duplo", nomeadamente, a descaracterização da cidade do Porto e o "enorme desprezo pelos direitos dos trabalhadores".  "Não é aceitável que nenhum negócio, ainda que seja muito pressionado pela especulação imobiliária, possa tratar os trabalhadores como descartáveis", referiu, dizendo que as compensações por despedimento continuam, neste momento, "nos níveis da troika".  "Isso será debatido esta semana no Parlamento e será fundamental que se reconstruíssem os direitos básicos dos trabalhadores. O que nós não podemos aceitar é que nos digam que a economia está a crescer e vemos como está a crescer, nomeadamente neste setor, o da restauração, como é motor do nosso PIB, da nossa economia, do nosso emprego, mas depois sobe tudo menos os salários, sobe tudo menos os direitos dos trabalhadores", acrescentou.  Aos trabalhadores do café Embaixador, a coordenadora do BE deixou a "garantia" de que o partido tem procurado a nível autárquico "encontrar soluções", e a nível parlamentar exigido mais fiscalização do Governo. O histórico café Embaixador, situado na baixa do Porto, desde 1957, encerrou a 12 de dezembro e mandou "para o desemprego 16 trabalhadores", avançou à Lusa o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte (STIHTRSN).

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