2023-11-13 18:49:00 Jornal de Madeira

Galamba sai do Governo arguido em caso sobre energia após mandato marcado pela TAP

João Galamba sai do Governo, após ter sido constituído arguido no âmbito de uma investigação no setor da energia e menos de um ano depois de ter assumido as Infraestruturas, num mandato marcado pela TAP.   Licenciado em Economia pela Universidade Nova de Lisboa e apreciador de filosofia, área que seguiu no doutoramento, João Saldanha de Azevedo Galamba, com 47 anos, foi considerado um ‘enfant terrible’ do PS e chegou ao Governo em 2018, após vários anos como deputado, para assumir o cargo de secretário de Estado da Energia. Muitos questionaram a sua nomeação para o Governo, pela imagem de pessoa que gosta de confronto, mas o seu desempenho como secretário de Estado da Energia, uma das áreas de governação mais complexas, valeu-lhe a confiança de António Costa para ascender a ministro das Infraestruturas, sucedendo a Pedro Nuno Santos, que ‘caiu’ devido à polémica indemnização paga à antiga administradora da TAP Alexandra Reis. Assumidamente impulsivo, Galamba protagonizou vários confrontos nas redes sociais, um dos quais com Sandra Felgueiras, então na RTP, na sequência de uma reportagem sobre o licenciamento da exploração de lítio em Montalegre, classificando o trabalho da jornalista de “estrume e coisa asquerosa”. Foi, de resto, a área da energia que acabou por levar à sua saída do Governo, já durante o mandato de ministro das Infraestruturas, e não a TAP ou o novo aeroporto, dois dos seus dossiês mais ‘quentes’. Durante a comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea, e após um caso de confrontos no seu ministério, Galamba chegou mesmo a apresentar a demissão ao primeiro-ministro, António Costa, em maio, que não a aceitou, contrariando o Presidente da República. Poucos dias antes de ter sido constituído arguido no âmbito de uma investigação do Ministério Público a negócios do lítio, do hidrogénio e do centro de dados de Sines, João Galamba foi escolhido pelo primeiro-ministro para encerrar o debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2024, o que foi visto por muitos jornalistas e comentadores políticos como uma provocação de António Costa a Marcelo Rebelo de Sousa. No discurso, o ministro citou o Presidente da República, dizendo que a proposta do Governo seguia a única estratégia possível. “Senhoras e senhores deputados, permitam-me citar sua excelência, o Presidente da República: Este orçamento segue a única estratégia possível. E, pedindo permissão, acrescentar: e é mesmo um bom orçamento”, declarou João Galamba. Considerado um dos ‘jovens turcos’ do PS (da ala esquerda), João Galamba apresentou hoje o pedido de demissão do cargo de ministro das Infraestruturas, por considerar que é a única decisão possível para assegurar à família a tranquilidade e discrição a que têm direito. “Apresentei este pedido de demissão após profunda reflexão pessoal e familiar, e por considerar que na minha qualidade de pai e de marido esta decisão é a única possível para assegurar à minha família a tranquilidade e discrição a que inequivocamente têm direito”, lê-se no comunicado enviado pelo Ministério das Infraestruturas. Na audição na Assembleia da República, na sexta-feira, no âmbito da discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2024, João Galamba tinha dito que não tinha intenção de se demitir. O Presidente da República exonerou hoje, com efeito imediato, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, que lhe foram propostas pelo primeiro-ministro. Nas últimas eleições legislativas, em janeiro de 2022, João Galamba foi eleito deputado pelo círculo eleitoral de Lisboa.

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