“Excesso de trabalho” afeta trabalhadores da hotelaria
Sindicato reconhece o problema em várias unidades hoteleiras da Madeira e do Porto Santo. Site inglês coloca Portugal no primeiro lugar de um ranking que avalia o risco de burnout na UE. Há trabalhadores física e psicologicamente afetados pelo excesso de trabalho. Adolfo Freitas, presidente do Sindicato de Hotelaria da Madeira, admite que estão a aumentar as queixas relacionadas com o número de horas trabalhadas e as alterações constantes aos horários laborais. O sindicalista apela à sensibilidade das entidades patronais e dá como exemplo o caso dos trabalhadores responsáveis pela limpeza dos quartos que, face ao excesso de horas de trabalho, são mais afetados pelas lesões, muitas das quais acabam por ser incapacitantes e forçar o recurso a baixas. Entretanto, estima-se que – segundo um estudo publicado pela Ordem dos Psicólogos em julho do ano passado – os trabalhadores portugueses faltem, até 6,2 dias por ano e o presentismo possa ir até 12,4 dias devido ao stresse e a problemas de saúde psicológica. No total, a perda de produtividade pode custar às empresas portuguesas até 0,9% do seu volume de negócios. “No entanto, a prevenção e a promoção da saúde psicológica e do bem-estar nas empresas portuguesas pode reduzir as perdas de produtividade pelo menos em 30% e, portanto, resultar numa poupança de cerca de mil milhões de euros”, refere a publicação. O mesmo estudo refere ainda que “uma empresa com 250 colaboradores pode ter 17 colaboradores com depressão que, se não for tratada, custará à empresa cerca de 149.500 euros por ano”. Líderes no risco de bournout Um estudo inglês ‘Small Business Prices’ coloca Portugal no primeiro lugar de um ranking que vem avaliar o risco de burnout nos 26 países da União Europeia, seguido pela Grécia e Letónia. O trabalho correlaciona dados e métricas europeias, entre três parâmetros numéricos: o índice felicidade (até 10), a média salarial e número de horas de trabalho semanais, revelando resultados muito negativos para o nosso país que merece também destaque por ter “uma das semanas de trabalhos mais longas e salários mais baixos”. Portugal está também classificado entre os primeiros lugares dos países com os mais baixos índices de felicidade. No reverso da medalha, a Dinamarca, os Países Baixos e a Noruega apresentam o menor risco dos seus trabalhadores virem a passar por uma situação de burnout. O ‘Small Business Prices’ lembra que alguns dos países nórdicos introduziram uma semana de trabalho de quatro dias, medida que visa garantir que a saúde mental dos funcionários seja levada em consideração no local de trabalho.