“Dificuldades não baixam com a gestão pública”
Roy Garibaldi é o novo presidente do Conselho de Administração da SDM, agora 100% pública. Ao JM, partilhou as motivações e desafios que o esperam. Na primeira Assembleia Geral em que o Governo Regional participou como acionista único, a Sociedade de Desenvolvimento da Madeira deliberou, ontem, a redução do número de administradores, passando de cinco para três, nomeando para presidente Roy Garibaldi, com João Machado e Filipe Manso a completarem o Conselho de Administração para o biénio 2021/2022. Ao JM, o novo presidente da SDM disse ser este “um novo ciclo que se inicia na história da SDM e na gestão do Centro Internacional de Negócios da Madeira, em que teremos que lidar com dificuldades, como sempre foi o caso da evolução do CINM nestes anos”. Para o futuro imediato, Roy Garibaldi deteta três grandes desafios que terão que ser ultrapassados. O primeira, prende-se com as “dificuldades agora oriundas desta decisão da Comissão Europeia, de dezembro passado, de recuperação de benefícios fiscais junto de determinado grupo de empresas do regime 3, situação que, obviamente, criou alguma desconfiança nos mercados internacionais”. Deste principal obstáculo, resulta que “temos agora uma tarefa árdua pela frente para mitigar e conter, tanto quanto possível, os estragos da desconfiança resultante dessa decisão”. Por outro lado, “também temos um desafio redobrado em termos de continuar a consolidar o crescimento sustentado do Registo Internacional de Navios”. Por último, “teremos ainda, muito trabalho pela frente naquilo que diz respeito à própria prorrogação do quarto regime do CINM, que terá de ser tratado ainda este ano e, posteriormente, a partir de 2022, a negociação de um quinto regime”. “É mais ou menos esta a perspetiva para o futuro próximo”, considera Roy Garibaldi, cujo o facto de o capital ser agora 100% público não faz com que o espera seja repleto de menores dificuldades. Pelo contrário, “o trabalho será tudo menos tranquilo, porque as dificuldades que nos são criadas vêm do exterior, seja com origem em Lisboa e Bruxelas, normalmente de pessoas que são ideologicamente contra aquilo que é um regime de benefícios fiscais para captação de investimentos. A esse nível, penso que as dificuldades não irão decrescer”. Além disso, “a gestão pública, tem de facto limitações, que são conhecidas de todos e isso retira-nos alguma eficácia, alguma agilidade e alguma margem de manobra. O Governo Regional não tomou esta opção de livre vontade, foi obrigado a tomar esta opção, por imposição da própria Comissão Europeia. Temos agora é que gerir o CINM da melhor forma possível, num quadro dessa gestão pública”. Numa síntese às três grandes áreas de intervenção da empresa que agora passa a liderar, Roy Garibaldi exalta que “o Registo de Navios tem todas as condições para continuar a crescer”. Naquilo que diz respeito à Zona Franca Industrial, “temos uma situação de estabilidade e de perspetiva de um crescimento moderado nos próximos tempos”. Já no que toca à “área dos serviços internacionais, é a área mais afetada por esta decisão da CE e pelas alterações que foram feitas recentemente ao regime na Assembleia da República”. Nesta área específica, reconhece que “é normal e expetável que durante este ano haja, porventura, uma redução do número de empresas”, mas que, “julgo eu, estabilizará e haverá condições para novamente continuarmos a crescer, quando conseguirmos a aprovação do tal quinto regime”. Roy Garibaldi partilha com o JM que “ponderei muito antes de aceitar o convite, precisamente pelo facto de assumir a gestão no âmbito da gestão pública e fora do âmbito do que sempre foi a SDM, através de um modelo de gestão da parceria público-privada, com capital privado, num modelo que funcionou muito bem ao longo de 34 anos”. Mas acabou colocando “acima de tudo e de qualquer interesse pessoal, o interesse do CINM e da Madeira”. “Penso que sim, que a SDM terá responsabilidades acrescidas pelo facto de ser gestão pública, porque a gestão pública tem limitações, retira-nos alguma capacidade de manobra e ação. É, portanto, um desafio maior gerir o Centro no âmbito da gestão pública”, conforme acentua E sim, pese “a Sociedade, como sempre ao longo da sua vida, foi escrutinada por todas as entidades que têm razão na matéria”, com certeza que “terá um escrutínio ainda maior, até por parte do próprio Governo Regional, Tribunal de Contas… enfim, de todas as entidades que normalmente controlam a gestão das empresas públicas.